Quem somos


O Mundo transforma-se a uma velocidade estonteante.

Mudou a forma como nos relacionamos, como aprendemos. Não deveria mudar também a forma como ensinamos? Que tipo de cidadãos precisamos de formar para fazer face a um futuro que desconhecemos?

São cada vez mais os professores, pais e alunos que colocam a si próprios estas questões, e sentem no seu dia-a-dia a necessidade de mudança.

Aqui ficam os seus manifestos e relatos de boas práticas...

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Por Uma Escola mais Interativa (Madalena)

Acho que estamos a desenvolver cada vez mais Alunos que não gostam das aulas devido à falta de interação que existe por parte do Professor e do Aluno. A forma como nos ensinam é aborrecida e aprender torna-se uma seca para nós.
Nós não conseguimos demonstrar a nossa inteligência apenas através dos testes que nos fazem, das datas e de tudo o que há nos livros que somos obrigados a decorar.
Todos os alunos têm ritmos diferentes de aprendizagem, o que quer dizer que nem todos conseguem decorar o livro e dizerem tudo o que sabem fazendo um teste, e outros conseguem fazer o teste apenas a ouvir as explicações, sem estudar e ter uma excelente nota. Significa que a maneira de cada um de nós aprender é diferente.
As aulas deviam ser mais interativas e não passarmos 50, 80, 90 minutos a ouvir, escrever e fazer exercícios. Se as aulas fossem interativas, nós ficaríamos com mais vontade de aprender e não aprendíamos de uma forma tão aborrecida. Os Professores preocupam-se essencialmente em dar matéria num x tempo e por vezes sinto que não se preocupam se nesse tempo vamos conseguir aprender tudo em aulas em que eles apenas falam, falam, falam...
Há semanas em que chegamos a ter 4 testes por semana, mais apresentações orais, mais trabalhos de casa e não temos tempo para estar com a família ou para fazer atividades que nos ajudem a descontrair do ambiente da escola. No fundo, é como se tivéssemos uma continuação da escola mas em casa, onde nos matamos a estudar resumos de imensas páginas para conseguirmos ter uma boa nota. Caso contrário, se não temos boa nota os professores acham que não sabemos nada...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Por Uma Escola com Espaços para Brincar e Maior Ligação às Famílias (Rita)

Quando penso no futuro da minha filha, no que diz respeito à escola, não me sinto muito animada. Sei que entre as gerações a forma de ensino muda, e longe vão os tempos das reguadas e do recitar matéria diante de toda a classe, sob o olhar rígido do professor, mas, curiosamente, no que parecia ser uma evolução entre a geração dos meus pais e a minha, deixou de o ser da minha geração para a da minha filha. Não houve um retrocesso a nível de castigos ou de austeridade, mas pelo que percebo há hoje um nível de exigência que, além de não se justificar, prejudica as dinâmicas familiares e o tempo pais-filhos. Felizmente, parece que começa a surgir agora alguma abertura da parte de quem "manda" no ensino e espero que uma mudança de mentalidade e da forma de fazer as coisas, aprendendo com casos de sucesso de outros países e também inovando, se venha a refletir já nesta nova geração.

Não me posso pronunciar sobre o ensino no geral, porque a minha filha está agora no 1º ano... Da experiência até agora, uma das coisas que me preocupava, os TPC, não existe no agrupamento da escola que ela frequenta, e parece-me que a professora da minha filha tem uma forma de ensino que acompanha de certa forma o trabalho feito no pré-escolar, onde ela já trabalhava letras e números de forma lúdica. Sempre que ela aprende uma letra nova, chega a casa a cantar uma música sobre essa letra, e quando desenha faz logo por incluir letras ou palavras no desenho. Não sei se vai ser assim até ao 4º ano (uma etapa de cada vez), mas gostava de continuar a vê-la com "vontade de aprender", e não de "sentir o peso de ter de aprender".

No que diz respeito ao que eu gostava de melhorar na escola da minha filha, não posso deixar de mencionar a creche onde ela esteve. Nessa instituição, que não é "alternativa", sempre houve uma ligação à família. Sim, era a minha filha, mas qualquer educadora, auxiliar, funcionário, diretora... fosse quem fosse, sabia o nome da minha filha e reconhecia a família dela (e há que frisar que estou a falar de uma instituição grande, com muitos meninos). As educadoras, em cada sala por onde passou, fizeram por conhecer o ambiente familiar e partilhar com a família como ela vivia o ambiente da escola. Criaram-se laços que sei que tiveram um impacto positivo na formação dela enquanto pessoa, porque ela não sentiu uma barreira de "na escola faz-se assim/na escola faz-se de outra maneira". Além disso, é uma instituição que se tornou uma eco-escola.

Quando chegou à escola nova, a minha filha já sabia que ia brincar menos e estar mais tempo sentada... O que eu não estava à espera era de não haver sequer equipamento no exterior para ela brincar, a ponto de ela me pedir para ir ao parque ao fim de semana para poder fazer algo tão simples como andar de baloiço, algo que ela fez diariamente até mudar de escola. Como é que houve uma preocupação em renovar os edifícios das escolas adequando-os aos novos métodos de ensino (com recurso a tecnologias, por exemplo), mas descuraram o exterior, tendo em conta que as crianças agora quase são obrigadas (senão pelas regras do agrupamento, então pelos horários dos pais) a ficar um dia inteiro na escola? E tenho noção de que já é uma sorte ela ter uma escola com tão boas condições...
O segundo impacto foi "a mãe deixa a filha no portão e se precisar de falar com a professora tem de marcar hora". Fiquei chocada... Eu enquanto mãe não posso contribuir para a escola da minha filha? Ela tem de sentir que há um espaço na vida dela onde eu não estou autorizada a entrar? Por sorte, este primeiro impacto, para o qual já me haviam alertado, foi amenizado pela postura da professora, que facultou o e-mail e tem até a amabilidade de fotografar as atividades e enviar aos pais. Eu sei que a segurança é importante, e que a falta de pessoal nas escolas faz com que tenham de ser mais fechadas para as poder controlar, mas será que não pode haver um meio-termo instituído, sem dependermos unicamente da simpatia, boa vontade e visão de um professor?
E por fim, uma última nota: e o ambiente? Surpreende-me não ser obrigatório que as escolas básicas façam reciclagem, quando até as creches já o fazem!

Por uma Escola Diferente Para Cada Um (Catarina Delgado)


POR UMA ESCOLA DIFERENTE
Uma escola igual para todos?
Não. Uma escola diferente para cada um.
Uma escola em que cada um possa expressar-se individualmente, ser respeitado na diferença, ouvido em liberdade e aprenda com curiosidade.
Onde os talentos de cada um sejam uma mais-valia para as aprendizagens de todos… Alunos, professores, outros funcionários, pais.
Em que todos sejam livres de dizer o que pensam e que esse contributo possa servir a comunidade.
Uma escola sem trabalhos de casa… Quando aprendemos uma coisa ela fica em nós, não precisamos de treinar exaustivamente. Melhor aprendizagem traz menor necessidade de treino…
Instigando a curiosidade… O que importa são as aprendizagens e o prazer da descoberta e do conhecimento. Aprendendo a brincar e brincar para aprender. A brincadeira livre, sem condicionamento dos adultos, é essencial para a aprendizagem e a autonomia.
Desejo que todos os pais possam um dia ouvir o que o meu filho já me disse:
“Catarina, tu ias gostar de andar na minha escola…”