A MÚSICA COMO TERAPIA NO
AMBIENTE ESCOLAR SOCIAL E HOSPITALAR
Dentre várias pesquisas que fiz dentro do
campo vasto que é a música, coloco aqui em destaque um assunto a ser abordado
que é o uso da música como remédio natural para várias doenças do corpo, alma e
espírito. Como a ciência já comprovou, a música pode ajudar em muito no tratamento de vários tipos
patológicos de doenças, principalmente aquelas ligadas a ansiedade e stress.
Além de ser de fácil acesso para quem precisa, o custo do tratamento chega a
ser zero. Quero aqui destacar um artigo que li sobre o uso da música aliada ao
tratamento médico;
“O
efeito positivo da música na medicina em diversos artigos pesquisados, apresenta
a música como importante aliada no combate dos agravos da saúde e parceira
inseparável de uma medicina mais humanizada. Observou-se ainda, a ação da
música de forma benéfica, em crianças em
pós-operatório de cirurgia cardíaca, em alguns sinais vitais (FC e FR), bem
como, de forma subjetiva, uma redução na dor”, além de combater o stress, a
ansiedade e problemas ligados a depressão infantil.
Na virada deste século surge um novo crescimento do interesse na ação da
música na saúde infantil, em grande parte devido à ênfase dada à busca no
auxílio em tratamentos ligados ao estresse infantil e a transtornos
educacionais . Este crescimento foi definido por Leslie Bunt “ Jornal
of Music therapy", como: “o uso da música na obtenção dos
objetivos terapêuticos (de restauração, manutenção e melhora da saúde mental e
física)”. Este aumento do interesse é, em certa extensão, uma redescoberta da
história do efeito terapêutico da música que tem sido utilizada de forma
terapêutica, por séculos e existem numerosos exemplos dos poderes curativos e
preventivos da música, em vários documentos históricos de diferentes culturas.
Observando-se esta premissa e pensando nos bons resultados com a introdução de
técnicas musicais em unidades de terapia intensivas pediátricas, neonatais, de
adultos e unidades coronarianas , já observado por outros autores. Aliados ao
conhecimento e uma pesquisa realizada no Estado de Pernambuco que 8 a 10 crianças nascem com doença cardíaca em
cada 1000 nascidos vivos . O efeito terapêutico da música em crianças em
pós-operatório . .
. de 350.000 nascimentos ao ano,
o que corresponde à cerca de 3500 casos novos de cardiopatias / ano com grande
potencial para correção cirúrgica, resolvemos verificar de forma objetiva o
efeito da música na Frequência Cardíaca (FC), Pressão Arterial (PA), Pressão
Arterial Média (PAM), Frequência Respiratória (FR), Temperatura(T) e Saturação
de oxigênio (Sat02) no pós-operatório imediato de crianças submetidas à
cirurgia cardíaca e avaliar de forma subjetiva a ação da música no controle da
dor em uma unidade de terapia intensiva exclusiva de cardiopediatria em
conjunto com ações terapêuticas já usadas na prática médica convencional, além
de realizar uma revisão vasta da literatura para um maior respaldo na
realização do mesmo. Na busca de tais
objetivos é que esta dissertação foi
estruturada em dois artigos científicos: Um
artigo de revisão, onde foi realizada uma revisão da literatura sobre a
música, na medicina, nos seus mais diversos aspectos, não como uma visão
musicoterápica, onde o processo de criação musical com fins terapêuticos é a
principal atuação, mas algo mais abrangente no ambiente de cuidado hospitalar
para promoção da saúde e um segundo artigo em formato de artigo Original, onde
foi realizado um ensaio clínico randomizado controlado por placebo para
verificar de forma objetiva e subjetiva o efeito da música em crianças no
pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca em uma unidade de terapia intensiva exclusiva de
cardiopediatria. Estes artigos serão submetidos à publicação possivelmente nos
periódicos: Jornal de Pediatria, Arquivos Brasileiros de Cardiologia e Heart
and Lung.
"A
saúde é tão musical, que a doença não é outra
coisa,
senão uma dissonância; e esta dissonância
pode
ser resolvida pela música".
Boethius
(480-524)
O EFEITO DA MÚSICA NA DOR
Esta
é uma área que vem recebendo considerável atenção. Muitos estudiosos vêm
avaliando o efeito da música na dor, através de medidas fisiológicas para dor,
questionários de análise verbal, consumo de analgésicos, grau de ansiedade e/ou
outros graus de distração. A maioria dos estudos diz respeito ao efeito da
música na dor aguda, seja durante ou
após cirurgias, seja em procedimentos dentais, ou no parto . Alguns artigos
falam da dor crónica, na maior parte em centros de tratamento de câncer.
Updike, Heitz e Whipple e Glynn, estudaram o controle da dor através da música,
mostraram uma diminuição da percepção da dor após o uso da musicoterapia .
Updikemostrou que 2/3 dos pacientes admitidos tinham alguma forma de dor
(emocional ou física) que após a musicoterapia todos experimentaram uma
diminuição ou a ausência da dor. Heitz usava uma escala visual para medir a dor
e o próprio paciente referia se tinha
mais ou menos dor, de acordo com a intervenção a cada 15 minutos da
terapia. Ele demonstrou que a necessidade de analgésicos era significativamente
maior nos pacientes sem musicoterapia do que com musicoterapia. Estes trabalhos
demonstram que o uso da música como “um audioanalgésico”, em uma variedade de
situações de dor aguda e crónica, tem um efeito positivo.
A MÚSICA COMO TERAPIA NO
AMBIENTE ESCOLAR
A música como recurso
terapêutico para o aluno hiperativo
Um
dos desafios desde século da vida escolar, tanto para quem ensina como para
quem aprende, são alunos diagnosticados com hiperatividade: alunos que não
conseguem ficar quietos e tumultuam o ambiente, prejudicando a sua aprendizagem
e a da turma. A partir da vivência com alunos hiperativos, percebeu-se a
possibilidade da utilização da música com fins terapêuticos, centrada no
auxílio à aprendizagem. As técnicas musicoterápicas utilizadas combinam o
agir-fazer musical com a terapia, pois tal como é definido pela literatura, o
campo de atuação da musicoterapia envolve a combinação dinâmica de muitas
disciplinas destas duas áreas do conhecimento, que devem misturar-se para
chegar-se a um objetivo profissional (BRUSCIA, 2000). Tem-se, de um lado, o
fazer musical consciente e competente, com a devida noção do poder da música
sobre os indivíduos, e por outro, técnicas de terapia.
A HIPERATIVIDADE EM CRIANÇAS
Os
estudos apontam a hiperatividade como um transtorno neurobiológico de origem
genética. Atualmente é catalogado na medicina sob o CID-10, com a denominação
de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA/H). É mais comum
entre crianças e adolescentes do sexo masculino, e os seus sintomas podem
estender-se até à vida adulta, porém mais brandamente. As características
principais são: impulsividade e desatenção. Há pessoas que apresentam apenas a
desatenção (Transtorno do Déficit de Atenção: TDA) e outras, cerca de 50%,
demonstram também agressividade, comportamento mentiroso e oposição. Uma pessoa
com TDA/H influencia o ambiente em que vive, geralmente negativamente: na
família é sempre o responsável por situações embaraçosas; na escola é
inicialmente bem aceito por ser agitado e brincalhão, porém, como também é
competitivo e por não saber compartilhar, vai aos poucos perdendo as amizades
(PHELAN, 2005). Algumas das consequências das citadas características é a baixa
tolerância à frustração e a tendência ao isolamento, o que faz das pessoas com
TDA/H seres humanos com baixa auto-estima.
O
diagnóstico e tratamento para este transtorno devem ser feitos por uma equipa
multidisciplinar que envolve a família, a escola, psicólogos, médicos e
terapeutas. Atualmente, combina-se o uso de medicação (Psico estimulantes, que
paradoxalmente agem aumentando a atividade cerebral, mas criando condições para
que o cérebro do hiperativo mantenha um controle sobre a impulsividade,
vigilância e atenção) com terapias comportamentais, artesterapias e a
musicoterapia.
Partindo-se
da verificação de que o aluno com TDA/H possui importante capacidade criativa e
espontaneidade nas suas ações e que tais características são de grande valia no
meio artístico, planeámos e desenvolvemos vivências musicais direcionadas à
interação entre os participantes, à observação e avaliação de seus comportamentos,
estimulando a sua participação e vibrando com os seus progressos, a fim de
elevar a sua autoestima.
ATIVIDADES TERAPÊUTICAS
MUSICAIS
Em
uma sala com almofadas, aparelho de som, instrumentos musicais (violão, teclado
e percussão variadas), material de desenho e pintura podem-se formar grupos com
três alunos cada (Sugestão) , trabalhando-se por uma hora com cada grupo, uma
vez por semana. As atividades musicais são realizadas visando a melhorar a
atenção e a concentração dos alunos e a promover a socialização de todos
É
necessário um planeamento de aula para realização de atividades , e jogos com
instrumentos de percussão onde se procure despertar sincronia, pulsação,
interatividade e leitura de partituras alternativas. As combinações sonoras
levam à formação de parcerias entre instrumentos diferentes como forma de
estimular a interação entre o grupo: chocalhos e tambores de diferentes timbres
devem comunicar-se entre si, de forma a buscar a compreensão de que, tal como
os instrumentos musicais, as pessoas também devem saber se comunicar.
Desenvolver
a escuta atenta e direcionada de trechos de músicas selecionadas, a fim de
sensibilizá-los musicalmente, é também uma atividade essencial dentro da
musicalização. Em cada aula se propõem focar um ponto, uma análise da letra,
uma melodia a ser estudada, porém com atividades variadas de curta duração (10
a 15 minutos) respeitando a pouca tolerância que o portador de TDA/H tem para
se concentrar. A avaliação sobre estas atividades é feita durante todo o processo
em que os pais, professores e orientadores são consultados sobre o desempenho e
comportamento do aluno em sala de aula e no ambiente familiar.
São
consideradas observações feitas com base nos trabalhos desenvolvidos por eles
para a formulação da prática de musicalização, ou seja, o trabalho em conjunto
com os pais e professores de outras disciplinas é primordial para que a criança
consiga se desenvolver no ambiente educacional de acordo com seu ritmo de
aprendizagem, podendo assim alcançar um extraordinário desempenho escolar e
social com o auxílio da música como ferramenta terapêutica.
Ao
se trabalhar com atividades de terapia musical e musicalização com as crianças, é fato constatado e
cientificamente comprovado o quanto esta
ferramenta lúdica contribui para desenvolvimento
escolar: na medida em que o aluno se interessa pelas atividades ele fica
entusiasmado, começa a seguir comandos, e a cada acerto torna-se mais motivado,
e assim, como num espiral ascendente a sua auto-estima vai-se fortificando.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENENZON,
Rolando. Teoria da Musicoterapia. 3ª ed. São Paulo: Ed. Summus, 1988. BRUSCIA,
Kenneth E. Definindo Musicoterapia. 2ª ed. RJ: Enelivros. CONDEMARIN, M.;
GOROSTEGUI, M; MILICIC, N; TDA: Estratégias para o diagnóstico e a intervenção
psico-educativa. 1ª ed. São Paulo: Ed. Planeta, 2006. JEANDOT, Nicole.
Explorando o universo da música. 2ª ed. SP: Editora Scipione, 1997. LELONG, Jean-Jacques S. Guy. As Obras-Primas da Música. 1ª ed. SP: Martins Fontes, 1992.
NOVARTIS BIOCIÊNCIAS S.A. Com Desatenção e Hiperatividade não se Brinca.
Livreto TDAH, SP. PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de
aprendizagem. 4ª ed. Porto Alegre, RS: Ed. Metrópole S.A, 1992
Artigo
– Prof Marcos L Souza
Pedagogo
– Psicopedgogo – Educador musical – Historiador
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