Quem somos


O Mundo transforma-se a uma velocidade estonteante.

Mudou a forma como nos relacionamos, como aprendemos. Não deveria mudar também a forma como ensinamos? Que tipo de cidadãos precisamos de formar para fazer face a um futuro que desconhecemos?

São cada vez mais os professores, pais e alunos que colocam a si próprios estas questões, e sentem no seu dia-a-dia a necessidade de mudança.

Aqui ficam os seus manifestos e relatos de boas práticas...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Por um Novo Paradigma na Educação (Madalena Alves)


Como mãe, a minha vida centra-se nos filhos. As preocupações são as mesmas que as de todas as outras mães: queremos as crianças saudáveis, por isso procuramos uma boa alimentação, exercício físico e bom acompanhamento médico. Queremos crianças felizes, por isso procuramos estimular a autoestima, atividades para que descubram as suas vocações, e oportunidades para brincarem, resguardados do mal que anda por fora. Queremos também formar boas pessoas, pessoas competentes, pessoas únicas com capacidades únicas para alimentar a nossa sociedade, e para isso procuramos uma boa educação.

O que é certo é que os alunos de hoje estão desmotivados para a aprendizagem, o ensino não é adequado às necessidades e ao contexto atual, e certamente eles não percebem por que lhes é útil, para além de servir para passar nos exames. Os currículos são tão extensos que não dá para os professores serem professores, para ensinarem, só dá para debitarem matéria sem tempo sequer para tirarem dúvidas. Será que decorar matéria para passar um teste, e seguidamente a esquecer, pois têm de decorar mais matéria para outra disciplina, é razoável? Nós, pais, temos abordagens diferentes para cada filho, mas não damos tempo aos Professores de fazer o mesmo com os seus 30 alunos...
As crianças aprendem ao fazer, ao explorar, ao debater, ao ensinar o próximo. Este sistema atual de ensino dirigido, gera adultos com poucas competências para lidar com a vida, para fazerem eles próprios,  criarem eles próprios. Gera cidadãos que não sabem como participar mais ativamente na vida do país, pois estão habituados a ser espetadores. E gera pessoas frustradas e tristes porque nunca viveram o seu potencial.

Os primeiros anos de vida, e não falo apenas do pré-escolar mas também do primeiro ciclo, deviam estar inteiramente dedicados a ensinar competências, primeiro sócio-afetivas e depois de trabalho em equipa, técnicas de aprendizagem, a busca da autonomia (que não se deve confundir com independência), o autoconhecimento, o gosto pela aprendizagem. Para que é que um aluno nesta idade deve saber o trajeto do bolo alimentar, na sua transformação em quilo e quimo? E avaliamos todo este conhecimento que não serve para nada, e não as competências que vão ser necessárias para o futuro... Desde que decore, está tudo bem. E o que acontece quando esta criança vira adulto e não sabe sequer gerir as suas finanças?
Portugal está cheio de génios que se dão mal naquilo em que lhes obrigamos a ser bons. Li em tempos e concordo: “Temos linhas uniformes, e grades curriculares, a arquitetura da Escola Tradicional imita uma penitenciária. Celas trancadas (salas de aula) e corredores. Ambiente, rotinas e relações institucionalizadas. Um mundo à parte. Não é socialização, de verdade. É um simulacro esquelético de socialização. O recreio equivale ao banho de sol diário dos prisioneiros. Sempre curto demais e barulhento de energia acumulada. Crianças saudáveis vivem a Escola como uma prisão. Em nível sutil, é mais grave: a colonização do corpo e da subjetividade por programas disciplinares funciona como uma prisão invisível, que acompanha a pessoa aonde ela for.”

Quando vamos deixar o ensino dirigido, e passar a métodos amplamente estudados que são infinitamente mais eficazes? Queremos criar uma escola diferente, ao mudarmos o paradigma da educação! Estou certa de que a motivação dos professores aumentará, pois ser-lhes-á devolvido o prestígio e a devida importância na sociedade (são das profissões mais nobres e menos reconhecidas e recompensadas do país); a motivação e autoconfiança das crianças também aumentará, pois passaremos a um ensino de certa forma individualizado e aberto a todo o tipo de vocações; e a sociedade terá profissionais de todos os ramos, mais bem preparados e, por conseguinte, com mais sucesso e maior produtividade. Teremos uma sociedade feliz e a contribuir com toda a sua potencialidade, em vez de pessoas que foram reprimidas toda a vida. 

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