Quem somos


O Mundo transforma-se a uma velocidade estonteante.

Mudou a forma como nos relacionamos, como aprendemos. Não deveria mudar também a forma como ensinamos? Que tipo de cidadãos precisamos de formar para fazer face a um futuro que desconhecemos?

São cada vez mais os professores, pais e alunos que colocam a si próprios estas questões, e sentem no seu dia-a-dia a necessidade de mudança.

Aqui ficam os seus manifestos e relatos de boas práticas...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Por uma Sociedade mais Feliz e Saudável, através da Educação (Cristina Baptista)


Sou mãe, tenho formação médica, sou professora e estudante de Neuroeducação. E sou, paralelamente a tudo isso, uma mulher ativa que quer contribuir para uma sociedade mais feliz e saudável, o que acredito que obrigue a uma intervenção na Educação.

E porquê?

Porque as Crianças revelam uma percentagem elevada de desmotivação, na escola. Apresentam também níveis de isolamento e agressividade preocupantes, condições que dificultam a aprendizagem, o seu sucesso pessoal e, posteriormente, o profissional.
O modelo educativo atual não prepara os alunos para os desafios que o mundo em que vivemos no séc. XXI requer. De acordo com a OCDE, precisamos que os indivíduos tenham, para além do conhecimento específico da sua área, competências como criatividade, pensamento crítico e comunicação, e saibam ainda trabalhar em colaboração.

Neste sentido, o que poderíamos mudar no sistema educativo?

* As crianças são todas diferentes entre si, aprendem de forma diferente e as necessidades de cada escola também  são diferentes, por isso precisamos de autonomia nas escolas e de um ensino adequado a cada perfil de criança. Não podemos ter uma escola igual para todos.

* É preciso haver uma mudança de mentalidade, os professores precisam de novas ferramentas para os desafios de hoje, precisam de conhecer melhor o funcionamento do cérebro, terem conhecimentos da neurociência, a emoção e a razão não podem ser separadas. Não há aprendizagem sem o envolvimento da emoção. Desenvolvermos conteúdos emocionais significa também desenvolvermos o cognitivo.
A emoção, a empatia e o afeto promovem o aproveitamento dos alunos.

* Os alunos deveriam aprender também a comunicar de forma empática, no sentido de se colocar no lugar do outro, respeitar e escutar, saber gerir conflitos e evitar a agressividade. É fundamental para trabalharem num mundo cada vez mais global, para além de facilitar a criação de relações interpessoais com qualidade, que lhes permitam sentirem-se mais felizes e saudáveis. Numa época onde abunda o isolamento e o sentimento de desconexão,  são notórios os efeitos prejudiciais no aproveitamento escolar...

* Os professores precisam de ser criativos para estimular a curiosidade do conhecimento,  e desenvolver  aulas mais interativas onde os alunos possam ser mais participativos e também criativos ou inovadores, onde trabalhem  em equipa para desenvolver mais colaboração. O professor não pode ser o individuo que “despeja” o programa curricular, precisa de desenvolver pensamento crítico, levando os alunos a analisarem, refletirem e escolherem uma estratégia/ ação. Deve ensinar os alunos a pensar e a saber estudar, ou seja, a aprender método de estudo e a saber pesquisar e selecionar  a informação disponível na internet. 
Um aluno não aprende com teoria, precisa de perceber a aplicação do conhecimento que está a adquirir, assim a vivencia e, e com a reflexão dessa vivência, permite-se a integração do conhecimento, sem ser preciso “marrar”.

* O professor, em vez dos clássicos T.P.C. , obrigatórios, com a imagem pesada que a própria palavra lhe dá, motivaria os alunos a fazerem pesquisas.

* Os alunos precisam de tempo livre, precisam de brincar mais ou de ter tempo para socializar mais, há um excesso de carga horária escolar.
Os professores  precisam de sentir que o aprender é também é ou pode ser diversão. Pode parecer paradoxal, mas o lúdico e a vivência são excelentes formas de ensinar melhor. Por oposição, criar um ambiente de tensão ou de stress, pelas endorfinas que liberta e as implicações dessa bioquímica, só dificulta a aprendizagem e o aproveitamento escolar. Pais e professores precisam desta consciência.

* As avaliações não podem apenas avaliar o conhecimento, têm também de avaliar competências tais como a atitude, comunicar, cooperar, a capacidade de inovar, de  analisar pensar e agir.  Essas competências  serão precisas no mundo lá fora para encontrarem novas soluções para um mundo em constante mudança.

Nota: criar um espaço para os alunos aprenderem competências não significa aumentar o número de horas. Existem programas aplicados em muitas escolas em que os conteúdos do programa são leccionados tendo em conta o desenvolvimento destas competências.

Cristina Baptista
Associação Sorrir



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