Sou mãe, tenho formação médica, sou professora e estudante
de Neuroeducação. E sou, paralelamente a tudo isso, uma mulher ativa que quer
contribuir para uma sociedade mais feliz e saudável, o que acredito que obrigue
a uma intervenção na Educação.
E porquê?
Porque as Crianças revelam uma percentagem elevada
de desmotivação, na escola. Apresentam também níveis de isolamento e
agressividade preocupantes, condições que dificultam a aprendizagem, o seu
sucesso pessoal e, posteriormente, o profissional.
O modelo educativo atual
não prepara os alunos para os desafios que o mundo em que vivemos no séc. XXI
requer. De acordo com a OCDE, precisamos que os indivíduos tenham, para além do
conhecimento específico da sua área, competências como criatividade, pensamento
crítico e comunicação, e saibam ainda trabalhar em colaboração.
Neste
sentido, o que poderíamos mudar no sistema educativo?
* As crianças são todas diferentes entre si,
aprendem de forma diferente e as necessidades de cada escola também são diferentes, por isso precisamos de
autonomia nas escolas e de um ensino adequado a cada perfil de criança. Não
podemos ter uma escola igual para todos.
* É preciso haver uma mudança de mentalidade, os
professores precisam de novas ferramentas para os desafios de hoje, precisam de
conhecer melhor o funcionamento do cérebro, terem conhecimentos da
neurociência, a emoção e a razão não podem ser separadas. Não há aprendizagem
sem o envolvimento da emoção. Desenvolvermos conteúdos emocionais significa
também desenvolvermos o cognitivo.
A emoção, a empatia e o afeto promovem o
aproveitamento dos alunos.
* Os alunos deveriam aprender também a comunicar de forma empática, no sentido de se colocar no lugar do outro, respeitar e escutar, saber gerir conflitos e evitar a agressividade. É fundamental para trabalharem num mundo cada vez mais global, para além de
facilitar a criação de relações interpessoais com qualidade, que lhes permitam sentirem-se
mais felizes e saudáveis. Numa época onde abunda o isolamento e o sentimento de
desconexão, são notórios os efeitos prejudiciais
no aproveitamento escolar...
* Os professores precisam de ser criativos para estimular a curiosidade do
conhecimento, e desenvolver aulas mais interativas onde os alunos possam
ser mais participativos e também criativos
ou inovadores, onde trabalhem em equipa
para desenvolver mais colaboração. O
professor não pode ser o individuo que “despeja” o programa curricular, precisa
de desenvolver pensamento crítico, levando
os alunos a analisarem, refletirem e escolherem uma estratégia/ ação. Deve
ensinar os alunos a pensar e a saber estudar, ou seja, a aprender método de
estudo e a saber pesquisar e selecionar
a informação disponível na internet.
Um aluno não aprende com teoria, precisa de
perceber a aplicação do conhecimento que está a adquirir, assim a vivencia e, e
com a reflexão dessa vivência, permite-se a integração do conhecimento, sem ser
preciso “marrar”.
* O professor, em vez dos clássicos T.P.C. , obrigatórios,
com a imagem pesada que a própria palavra lhe dá, motivaria os alunos a fazerem
pesquisas.
* Os alunos precisam de tempo livre, precisam de
brincar mais ou de ter tempo para socializar mais, há um excesso de carga
horária escolar.
Os professores precisam de sentir que o aprender é também é
ou pode ser diversão. Pode parecer paradoxal, mas o lúdico e a vivência são
excelentes formas de ensinar melhor. Por oposição, criar um ambiente de tensão
ou de stress, pelas endorfinas que liberta e as implicações dessa bioquímica,
só dificulta a aprendizagem e o aproveitamento escolar. Pais e professores
precisam desta consciência.
* As avaliações não podem apenas avaliar o
conhecimento, têm também de avaliar competências tais como a atitude, comunicar,
cooperar, a capacidade de inovar, de analisar pensar e agir. Essas competências serão precisas no mundo lá fora para
encontrarem novas soluções para um mundo em constante mudança.
Nota: criar um espaço para os alunos aprenderem
competências não significa aumentar o número de horas. Existem programas aplicados
em muitas escolas em que os conteúdos do programa são leccionados tendo em
conta o desenvolvimento destas competências.
Cristina Baptista
Associação Sorrir
Cristina Baptista
Associação Sorrir
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